Recebo um abraço, fico feliz porque
vieram ao meu encontro, mas penso que não estou a fluir no encontro dos dois
corpos encostados. Penso que tenho um problema de sentir porque causa-me
desconforto, mas quero tanto. Que drama de pessoa eu sou. Não bastaria
sentir-me bem e pronto? Porque penso demasiado, caramba? Esta minha cabeça
anestesia o meu coração. Ele fica ansioso, bate forte quando vejo as pessoas a
aproximar-se, sorri quando estão perto, e eis que mil pensamentos invadem todo
o meu ser e destroem a ingenuidade e pureza do que irá acontecer. Eis que
entoam na minha mente as palavras: “que faço agora?”, “digo alguma coisa?”, “e
se fizer figura parva?”, “e se ficar a pensar mal de mim?”, “estarei a dar-me demais
ou de menos?”. E passou o momento! Um abraço frio apesar de sentir o calor da
vontade. E outros milhares de pensamentos derrotistas surgem e sinto-me
frustrado. Fico sem iniciativa e fecho-me em mim, rodeado em desculpas e
isolado em pessoas. Será que tenho um problema ou será uma fase? Invejo os
outros e tenho raiva da sua espontaneidade e critico as suas imperfeições,
irritam-me profundamente. E em vez que estar aqui a escrever, deveria estar a
percorrer o mundo e a interagir mas o meu pensamento quer que fique aqui
registado. Ele prevalece em mim, raio de analista exigente. E o sentimento
continua na sua bolha de segurança como se fosse uma prisão.
Ela era bela, apetitosa e cativante,
era a minha namorada,
eu delirava quando ela estava distante.
Ela era ciumenta, só me queria para ela,
eu tornei-me num monstro e ela numa Cinderela.
Comecei por engatá-la e ela deu-me com os pés,
mas numa dúzia de dias, saltamos a parte do "vamos só tomar cafés".
Já me chamava e queria passar o dia comigo,
eu achava-a a Barbie, olhei-me ao espelho e vi-me destruÃdo.
Ela foi ciumenta, todo o santo dia,
não sei como ela fez mas afastou-me da minha famÃlia.
Estranho, pois é. Nós éramos como cola,
primeiro foi a famÃlia, depois abandonei a escola.
Foi um amor supérfulo, rápido com um raio de trovão
Decidi terminá-lo e meter-me num furacão.
Arranjei outra namorada pior que a primeira,
uma ciumenta, possessiva, marada
sugou-me a força e a alma inteira.
Ela tomava-me mais tempo,
exigia sempre mais de mim,
mas era mesmo gostosa, tornou-me noutro "Gui".
Tornámo-nos grandes namorados,
sem ela eu não era nada,
a outra levou-me a escola e a famÃlia,
agora já não dormi em casa.
Hmm, ela era apetecÃvel
mas no dia seguinte tive sono
tive de namorá-la mais tempo
e procurei nela o meu consolo.
E com ela estavam sempre
as amigas estilosas,
senhoras de classe "mini" ou média,
eram tanto ou mais apetitosas.
Dei por mim, tinha três ou quatro namoradas,
famÃlia tinha zero,
mas tinha vinte moradas.
Não falo muito dos meus amigos,
mas posso-vos contar,
nós sempre fomos unha com carne
e adorávamos namorar.
Neste paraÃso maravilhoso,
a felicidade é muito cara,
e eu e os meus amigos,
"comÃamos" a mesma namorada.
Sim, ela era bela, gostosa,
ciumenta e apetecÃvel,
mas no final de contas tramou-me,
e tornou-se invencÃvel.
Namorámos, mas depois meteu-me uma faca ao pescoço,
continuamos o namoro ou acabas preso,
saltas fora ou afogas-te no poço?
...eu saltei...
Guilherme, 17 anos, Lisboa
Era uma vida desregrada sem amor e sem paz, vivi na sombra nesse tempo, é isso que a droga traz. |