Relações Amorosas? Não. Terapêuticas? Espero.

05:05


Filipe Correia, 15 anos "Entra na onda"

Estou cansado das pessoas. Desiludem-me, sempre. Quando gosto de alguém, gosto mesmo. Mas acaba sempre da mesma forma. Ou tenho má mira ou algo em mim me empurra para a mesma estória. Sim, escrevi bem, trata-se daquilo que eu conto e partilho. A história dos outros pouco me importa, talvez por isso afeta-me tanto! 
Custa-me que não gostem de mim como eu. Mas por vezes nem eu gosto, aliás odeio mesmo, aquela borbulha, aquele ataque de histeria no intervalo, aquele amuo só porque a irmã tirou boa nota e recebeu elogio. 
Será que as pessoas percebem o quão inseguro sou? Ou sou eu que lhes digo sem falar? Precisava de disfarçar melhor mas sem me tornar manipulador e racionalista. Mas pelo menos não me deixava enganar, nunca jogo na antecipação, só com os meus pais para conseguir o que acho que quero e que teoricamente me fará bem.
Troquei mensagem com uma miúda e ela deu vista e passou por mim a rir e olhar de lado. Significa que está a gozar comigo ou quer que seja mais insistente ou pura e simplesmente é assim mesmo e pronto?
Nenhuma das teorias me agrada, porque se goza comigo é imatura e não admito que façam isso, se quer que seja insistente não me agrada porque não sou de ir atrás de ninguém, e se ela é assim, irrita-me porque me deu mensagem vista e isso não se faz, porque eu respondo logo nem que seja com um emoji ou gif. 
Já vivi tanto em 15 anos, mil e uma experiências, aceleramentos e confusões. Custa-me estar parado mesmo que seja a descansar. Os outros parecem diferentes não me sinto próximo, tipo na mesma vibe e não queria beber nem fumar para encontrar essa cena. Diz quem experimentou que tudo se torna mais fácil. Mas ser fácil deixa-me insatisfeito porque sou difícil mas não queria parecer difícil. É possível ser assim mesmo não querendo ser “assim”? Gostava que me compreendessem sem me roubarem a identidade ou imitar-me, quer dizer, até deixava que ouvissem os meus sons e que fizessem poesia. Isto tudo para dizer que acho que não há pessoas que me completem porque quero ser incompleto mas ao mesmo tempo era giro ficar na paz. 
Acham que este texto vai ter muitas visualizações? Eu achava fixe mas também não queria que vissem porque diz muito sobre mim. Mas também não diz grande coisa porque não sei ainda muito, sobretudo aquilo que vai aqui dentro. Se a minha mãe lesse dizia: “raio do tempo da parvalheira”, a minha avó diria “deixa o miúdo, tu também na idade dele não eras melhor”, o meu pai elogiaria “carago este puto tem futuro, mais uns anos e chega a ministro” e os meus amigos até fariam uma story no insta a mandar a dica indireta “há gajos que tem a mania que são importantes, abre a pestana maluco!”. 
E uma vez mais ficaria insatisfeito pela insatisfação do texto e consequentemente da minha vida. Vou indo que hoje o almoço é bom. E já não estou desiludido. Decidi agora, vou mandar um link da música dos Beirut “Sunday Smile”, pode ser que desta vez ela diga alguma coisa. 

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