Qual o jovem que ainda não ouviu a forte frase: "não sabes nada da vida"? 

Os adultos ao dizerem: "não sabes nada da vida", apenas remetem quem ouve para o seu estado inoperância e bloqueiam a curiosidade. No fundo, os adultos pretendem "apenas" que o jovem estude (seja lá como isso se faz), que seja aplicado e grato pela oportunidade (que muitas vezes o adulto não teve e projeta). Pode acontecer que este sinta esta "oportunidade" como um "presente envenenado" cheio de contrapartidas e pressão. É como se nunca será suficiente o que o jovem faz, perante o MUITO que os adultos fazem por ele. E não é por mal, os adultos (desculpem a generalização) querem genuinamente o melhor para a nova geração. Nem sempre o conteúdo e a forma coincidem numa coisa que se entenda e se ponha em prática.

Exemplos tais como:

- "Quando tinha a tua idade bastava o meu pai olhar para mim que ficava logo em sentido"; 

- "Se desse essa resposta na tua idade, levava logo uma que nem sabia de que terra era";  

- "Com a tua idade já sabia cozinhar, cuidar dos irmãos, ir às compras e gerir dinheiro";

- "Eu na tua idade gostava da escola, tomara eu poder ter tido mais estudos, e não tinha esses materiais todos";

- "Depois da escola vinha a correr trabalhar, não tinha ATL, piscina, karaté, explicador";

- "Na tua idade já não era tão infantil, tive de crescer rápido, não era tão irresponsável";

- "Um dia destes vou desligar o quadro da luz para não estares sempre agarrado às tecnologias, não sabes o que custa a vida, na tua idade so tinha 3 contos e ainda poupava";

Um jovem sabe muito sobre aquilo que não sabe e daquilo que está longe de conseguir.

Porém:

Alguns tentam e têm sucesso;

Outros tentam com tanta força que ficam ansiosos com medo de falhar trazendo consequências negativas no modo com se veem e avaliam as suas capacidades;

Alguns tentam, corre mal, desistem e sem forças de retomar;

Outros não tentam mas como têm uma base satisfatória vão-se "safando";

Alguns preferem dizer que não querem do que admitir que têm dificuldades;

A maioria acontece outra coisa que ainda não sei descrever.

Como se compreende então? Como se aproximam realidades? Como ajustamos expetativas?

Deixo para os vossos comentários. 

No fundo sabem mais que eu.

Diogo Soares