Olhar[es] sobre Famílias de Origem

09:04


A origem nem sempre é o início do percurso. Muitas gerações nos precederam e imprimem uma estória que por mais a rejeitemos ela sempre acompanha. A fuga para a frente desraíza a possibilidade de encontro com a ferida que custará curar. E os anos passam e esse buraco, bem maquilhado com relações, consumos, amizades, vivências, esvaem-se no vórtice que é o fundo. E a vida termina, e os erros repetem-se. A raiva que sentimos pela pessoa que odiamos permite que passemos a olhar para ela mais tempo no desejo que acabe por esquecer. E o paradoxo traz o paradoxal. E o enredo complexifica-se e com ela desaparece a energia e a saúde. Normalmente assim chegam aos serviços. Quem tenta ajudar, por vezes é arrastada para a confusão da confusão da família. Quando o técnico tenta sair descarna a possibilidade da pessoa não se sentir abandonada. Estar dentro e fora da relação é um segredo que precisamos desvendar, em equipa, com as pessoas. É possível entrar no paradoxo sem se fundir nem fugir dele: metacomunicar, ir para além dos conteúdos expressos, criar narrativas que busquem a verdade do sentir e do pensamento que pensa a realidade. No fundo é o equilíbrio que buscamos em nós e que partilhamos com quem infelizmente, nos procura, grande parte das vezes sem pedir. Como se ajuda quem não pede nem reconhece ajuda? ... Continuaremos na busca com a certeza que queremos sempre fazer esse caminho (partilhado).

Diogo Soares

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