Mãe ou progenitora?
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Mãe, és o meu amor e sempre me amaste,
dizias isso tantas vezes mesmo quando eu não queria ver. Sempre foste exemplar,
tirando o fato de que mudamos dezenas vezes de casa e eu sentia-me um eterno
sem abrigo.
Era filho de todos e filho de ninguém!
Dizias-me o que eu tinha de fazer com um
moralismo de alguém que vende um peixe que não compra. Quando te perguntava
porque falhavas comigo, tu choravas e eu logo entendia que não podia fazer-te
sofrer, porque não devemos colocar as mães tristes! E logo elas que fazem tudo
para que possamos viver dignamente.
Talvez por isso trabalhavas horas a fio
sem ligar para casa, para saberes se eu tinha ido à escola ou se fiz os tpc’s.
Não assinaste o meu primeiro 5 a português, nem o 1 a Matemática. Aprendi a
imitar a tua assinatura e a explicar ao diretor que eras uma pessoa importante
que estava a criar uma coisa que iria mudar o mundo.
Deixaste de existir para mim mas ao
mesmo tempo eras o meu Tudo, a minha razão de viver. Ainda assim, deixei de obedecer-te
mas ao meu melhor amigo e namorada eu obedeço cegamente. Sigo-os como irmãos, e
a ti desejo que sejas feliz mas que não me chateies muito.
Já sou crescido, não preciso de ninguém.
Mas preocupo-me quando arranjas namorados novos porque podes voltar a sair de
casa e deixar-me na avó. Mas isso só acontece porque os otários sabem dar-te a
volta, mas “ai deles que venham dar para espertos que dou-lhe duas facadas”.
Mãe, tu dizes-me que sou tudo para ti
mas esse discurso é repetido aos meus irmãos. Gostarás de todos por igual? E
porque proteges o mais novo só porque é mais novo? Porque ajudas mais o mais
velho só porque é mais certinho e beto, grande falso tropa?
Tu nunca respondes apenas sorris
deixando-me adivinhar.
És a minha eterna paixão, melhor amiga e
professora,
és mais que uma deusa,
és a minha mãe e/ou progenitora?
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